segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A República em Lima Duarte

    A notícia da Proclamação da República e do banimento da Familia Imperial, em 15 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro, demorou alguns dias a chegar a Lima Duarte. Naquela época, os Correios, em lombo de mula, passavam de cinco dias e cinco dias na cidade, fazendo com que as notícias chegassem sempre atrasadas.

    

Proclamação da Republica
Henrique Bernadelli

Confirmados os fatos pelos jornais, alguns cidadãos logo se manifestaram e convocaram a Câmara Municipal, que em caráter extraordinário, se reuniu no dia 23 de novembro de 1889, afim de deliberar sobre o fato, aderindo unanimemente à nova forma de governo.

       O povo, acompanhando a banda de Música Sagrado Coração de Jesus, invadiu o Paço da Câmara, portando bandeiras, estandartes e flâmulas de cores e símbolos republicanos, esperando ansioso pela Proclamação de Adesão à Republica, feita pelo Secretário da Câmara.

    Este proclamou a adesão do Município de Lima Duarte à nova forma de governo, disto fazendo comunicação ao Governdor do Estado de Minas ao que a população respondeu com vivas à Republica, ao Governo Provisório, ao governador de Minas e à Camara Municipal.

    A banda, arrematando os vivas, tocou A Marselhesa, enquanto todos os presentes assinavam a ata. Discursaram dentre outros, o Capitão Manoel Antonio Duque e o Vigário Padre Pedro Nogueira.

    Finda a cerimônia, saem banda, povo e vereadores em passeata, parando defronte a várias casas de ilustres republicanos, como a casa do Delegado de Polícia, Manoel Duque, Carlos Baumgratz, Manoel Caixeiro e Dr. Vieira Pinto, o qual discursou, saudando

    Da parte do povo, animado pela Marselhesa reiteradas vezes tocada pela banda, irrompiam vivas ao governador de Minas, Cesário Alvim, Bias Fortes e outros. O destacamento do Corpo de Polícia de instante a instante dava uma descarga de tiros de fuzil e de todos os ângulos da cidade ecoavam salvas cuja estampidos aenchiam os ares.

    Mas a festa ainda estava incompleta! O principal líder da cidade, Comendador João de Deus Duque, republicano de longa data, estava já idoso e doente. Incapacitado de comparecer, festejava solitário em sua fazenda no Bom Retiro. A população, solidária, juntou-se à banda, Vigário, Vereadores e Corpo de Policia e partiram todos rumo à fazenda, numa caminhada de dois quilometros.     Lá chegando, em meio a vivas, foguetes, tiros de fuzil e muita música, saudou o velho chefe, em nome do povo, o Vigário Pedro Nogueira, tendo também discursado o escrivão da Coletoria e o professor publico.

    João de Deus Duque, emocionado, agradeceu a presença de todos, e manifestou sua alegria pelo fato de que a vitória republicana tenha sido feita com ordem, prudencia e dedicação, conclamando todos os cidadãos para que ajudassem com o que estivesse a seu alcance afim de se obter a paz, a união e a fraternidade, lamentando não poder estar com o povo pelo estado precário de sua saúde.

    A passeata retornou à cidade às 8 horas da noite. As festas prosseguiram até o feriado do dia 8 de dezembro, encerrando com te Deum na Igreja Matriz, dirigido pelo republicano Vigário Padre Pedro Nogueira.

               Assim começou a República em Lima Duarte!