No
início do século XX, a tuberculose ceifava vidas em todas as
classes sociais, levando à sepultura milhares de pessoas, muitos
deles ainda muito jovens. A sociedade da época mobilizou-se criando
em cada estado grandes movimentos de combate à doenca, que cuidaram
de buscar o que de melhor havia na profilaxia e tratamento. Em Minas
Gerais foi criada a Liga Mineira contra a Tuberculose, tendo como
principal articulador o médico Dr. Eduardo Augusto de Menezes.
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Dr. Eduardo Augusto de Menezes
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Naquela
época ainda não haviam sido produzidos os antibióticos, e o
tratamento das afecções respiratórias mais graves como a
tuberculose era feito basicamente com a remoção dos pacientes para
locais mais frios e secos, onde eram submetidos a isolamento, dietas
específicas e até cirurgias corretivas. Locais com clima seco e
frio ficaram famosos, abrigando pacientes durante todo o tratamento
ou mesmo até a morte, fato corriqueiro e quase certo na maioria dos
casos.
A
fama do clima de Conceição de Ibitipoca, facilitado pela elevada altitude, fez com
que para ali se dirigissem por recomendação médica, muitas pessoas
em busca da cura, caso do proprietário da Fazenda do Tanque, do
Padre Manoel Maria e do famoso Cônego Carlos Octaviano Dias, todos
"curados" pelo bom clima de Ibitipoca.
Em
1906, João de Deus Duque Neto animado pela idéia de cooperar na
luta contra a tuberculose, entrou em contato com as autoridades do
município de Juiz de Fora, com o objetivo de instalar na Serra
Grande (Ibitipoca) um grande hospital para tratamento de
tuberculosos. Destes encontros, formalizou-se a criação de uma
comissão de notáveis, que de Juiz de Fora veio a Lima Duarte em
agosto de 1906, chefiada pelos médicos Eduardo de menezes e João
Penido Filho. A "Comissão Científica" visitou a cidade e
também a Serra Grande, onde efetuou vários testes e experimentos,
comprovando a excelência do clima da "Serra"para o
tratamento da tuberculose. Destes experimentos elaborou minucioso
relatório que foi apresentado às autoridades sanitárias e
governamentais, solicitando recursos para a instalação do
empreendimento no planalto ao pé do Pico do Pião.
Ao
mesmo tempo, os paulistas buscavam apoio para a instalação de
empreendimento de mesma proporção em Campos do Jordão, região
também notável pela excelência de seu clima. Nos dois locais, a
dificuldade era o acesso, comprometendo-se o Dr. Eduardo deMenezes a
promover, ele mesmo a construção de uma rodovia ou ramal
ferroviário de Juiz de Fora a Lima Duarte e de lá à Ibitipoca.
Dos
dois lados nenhum esforço foi poupado pelo sucesso da iniciativa,
tendo em vista o terror provocado pela doença e o grande numero de
perdas por ela provocadas. O governo do Estado de São Paulo saiu na
frente e em 1910, assumiu o compromisso de implantar uma ferrovia
entre a cidade de Pindamonhangaba e os "Campos do Jordão".
Ibitipoca, apesar de todos os requisitos favoráveis, e do empenho da
grande cidade de Juiz de Fora, a mais desenvolvida de Minas Gerais na
época, perdeu a disputa, caindo em esquecimento o projeto e todos os
benefícios que poderia oferecer.
De
minha parte fico a imaginar como seria Ibitipoca hoje, caso o
empreendimento tivesse sido implantado...